I listen to immigrant stories
2019
Atuando nos limites entre arte e vida e arte x arterapia, a ação convida as pessoas a contarem suas histórias e a interagir com as performers em encontros de um-para-um.
Inspirada no trabalho Ouvidoria da atriz Luciana Paz, o trabalho inverte a posição usual do artista como emissor da mensagem e o público como receptor, cria um intervalo de tempo que antes não existia e cruza histórias de vida que provavelmente não se cruzariam de outra forma.
Nenhuma fala é gravada ou compartilhada.
Inspirada no trabalho Ouvidoria da atriz Luciana Paz, o trabalho inverte a posição usual do artista como emissor da mensagem e o público como receptor, cria um intervalo de tempo que antes não existia e cruza histórias de vida que provavelmente não se cruzariam de outra forma.
Nenhuma fala é gravada ou compartilhada.
Acting on the boundaries between art and life and art vs. therapy, the performance invites people to tell their stories and interact in one-on-one encounters.
Inspired by Luciana Paz's Ouvidoria's work, it reverses the usual position of the artist as the emitter of the message and the audience as a receiver, creates a break time in our usual routines and intersects life stories that probably would not cross otherwise.
No speech is recorded or shared.
Inspired by Luciana Paz's Ouvidoria's work, it reverses the usual position of the artist as the emitter of the message and the audience as a receiver, creates a break time in our usual routines and intersects life stories that probably would not cross otherwise.
No speech is recorded or shared.
Escuto Histórias de Imigrantes foi realizada durante quatro sábados consecutivos (abril de 2019) no Lote 67 e no evento Sonora no Rosa Imunda. Durante a ação ouvi a história de 20 imigrantes, entre eles, brasileiros, um neo zelandês, uma romena, uma australiana, uma argentina e quatro portugueses que haviam tido experiências no exterior. Posteriormente criou-se a ação Escuto sua História de Mulher para o Festival Feminista da cidade do Porto. Para essa última ação, formou-se um grupo com a participação da diretora de teatro Bianca Stanea e da storyteller Kaija Clinton.
I listen do immigrant stories was realized during four consecutives Saturdays (2019) in Lote 67 (Centro Comercial Cedofeita), and at Sonora event in Rosa Imunda. During these days, I listen to the story of 20 people from different nationalities (brazilians, a new zelander, a romanian, an australian, an argentine, and four portugueses who has lived abroad). Por the Feminist Festival of Porto, the action was adapted to I listen to your women story. And for this last action, a group was formed with the theater director Bianca Stanea and the storyteller Kaija Clinton.
Escuto sua História de Imigrante (texto curatorial)
É raro recebermos um convite como este “venha, gostaria de escutar sua história”. Louise Kanefuku, artista nascida no Brasil, descendente de japoneses e que, desde 2017, habita a cidade do Porto, faz esse chamamento para acolher histórias como a minha e de muitos outros imigrantes. Essa ação de escuta de relatos permite delinear em palavras as milhares de sensações que percorrem o corpo de quem translada, dentro de um processo de recriação de si mesmo em outros lugares. No seu convite, Kanefuku propõe um espaço singular para a conexão entre pessoas que podem não se conhecer, mas que possuem escolhas parecidas. Assim, num contexto em que os medos diante do diferente e os antigos ímpetos para a defesa de territórios ainda percorrem nossas sociedades, encontramos um ambiente para dar voz à fala daquele que se desloca.
A sala do Lote 67 foi pensada para criar um aconchego para quem chega, duas cadeiras próximas uma da outra sobre um tapete macio. O entorno é rodeado por lembranças migratórias: ao fundo, o desenho imponente de uma baleia jubarte, I wish I was a whale (2018), capaz de transitar entre as diferentes águas dos oceanos; na lateral, uma fotografia das avós de Kanefuku, que chegaram ao Brasil há 60 anos atrás, e uma gravura de borboletas, que flutuam pelo céu sem distinguir fronteiras. As bordas desse centro de arte também lembram essa fluidez, são de vidro, deixam ver o contexto de diálogo a quem passa. E é dessa possibilidade, de pensar a vida no outro lado de lá, no outro lado do oceano, da cordilheira, ou do arquipélago, sobre a qual estamos falando. Não são vistos muros e nem traçadas linhas fictícias. De tal modo, confirmamos que, na verdade, cada habitante do mundo é que estabelece sua própria geografia, aquela que se dá pelas interações entre os diferentes lugares e pessoas com que nos conectamos.
Talitha Motter
Em Montréal, os cristais de gelo começam a se desfazer, formando pequenos córregos nas ruas. Primavera, 2019.
É raro recebermos um convite como este “venha, gostaria de escutar sua história”. Louise Kanefuku, artista nascida no Brasil, descendente de japoneses e que, desde 2017, habita a cidade do Porto, faz esse chamamento para acolher histórias como a minha e de muitos outros imigrantes. Essa ação de escuta de relatos permite delinear em palavras as milhares de sensações que percorrem o corpo de quem translada, dentro de um processo de recriação de si mesmo em outros lugares. No seu convite, Kanefuku propõe um espaço singular para a conexão entre pessoas que podem não se conhecer, mas que possuem escolhas parecidas. Assim, num contexto em que os medos diante do diferente e os antigos ímpetos para a defesa de territórios ainda percorrem nossas sociedades, encontramos um ambiente para dar voz à fala daquele que se desloca.
A sala do Lote 67 foi pensada para criar um aconchego para quem chega, duas cadeiras próximas uma da outra sobre um tapete macio. O entorno é rodeado por lembranças migratórias: ao fundo, o desenho imponente de uma baleia jubarte, I wish I was a whale (2018), capaz de transitar entre as diferentes águas dos oceanos; na lateral, uma fotografia das avós de Kanefuku, que chegaram ao Brasil há 60 anos atrás, e uma gravura de borboletas, que flutuam pelo céu sem distinguir fronteiras. As bordas desse centro de arte também lembram essa fluidez, são de vidro, deixam ver o contexto de diálogo a quem passa. E é dessa possibilidade, de pensar a vida no outro lado de lá, no outro lado do oceano, da cordilheira, ou do arquipélago, sobre a qual estamos falando. Não são vistos muros e nem traçadas linhas fictícias. De tal modo, confirmamos que, na verdade, cada habitante do mundo é que estabelece sua própria geografia, aquela que se dá pelas interações entre os diferentes lugares e pessoas com que nos conectamos.
Talitha Motter
Em Montréal, os cristais de gelo começam a se desfazer, formando pequenos córregos nas ruas. Primavera, 2019.
Fotos de Silvestre Pestana, Chana de Moura e Louise Kanefuku.
Fotos de Martina Alves